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Arquitetos: Nuno Brandão Costa
- Área: 57500 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Francisco Ascensão, Inês d’Orey
Implantação. A implantação resume-se a duas linhas, dispostas no terreno, no limite da zona edificável, junto à linha férrea. Estes dois alinhamentos, estabelecem um fecho claro para o desenvolvimento longitudinal da estrutura da estação de comboios e colmatam a anacronia morfológica existente. O seu traçado compromete o território e constitui um primeiro gesto de unificação das partes dispersas. A primeira e mais longa linha, na sua longitudinalidade, introduz uma ordem subtil que simultaneamente ordena e liberta as pré-existências, lidando num único movimento com todos os momentos fragilizados do sítio, unindo-os.
No intervalo das duas linhas resolve-se todo o programa do terminal rodoviário:
Forma-se uma grande nave de forma triangular, onde os autocarros e automóveis são recolhidos, sob a construção, na “Porta Oriental” da cidade, retirando a sua circulação do centro urbano. O projecto proposto, constitui um gesto territorial que olha para a cidade num contexto amplo, utilizando o detalhe do programa e a sua complexidade, como solução para estabelecer a relação genérica de todos os elementos artificiais e naturais do sítio e a sua reposição articulada no mapa urbano.
O Terminal é desenhado como um dispositivo infraestrutural linear, que estabelece um limite físico para a estação e lança a nova topo-morfologia do lugar.
Projecto. A distribuição programática assenta na ideia elementar da Simplicidade.
Dada a complexidade funcional, a nível distributivo, orgânico, mecânico e infraestrutural dos diversos componentes programáticos, a proposta “lineariza” o programa, modulando-o numa trama regrada e sequencial, em Pórtico, estendida sobre a área de implantação e compactada numa matriz perceptível na estrutura e consequentemente na linguagem arquitectónica.
Na cota inferior do território, estabelecem-se todas as zonas de movimento mecânico e estacionamento de viaturas: Um grande espaço coberto, mas aberto para o exterior nos seus limites.
Num segundo nível, distribuem-se sobre a área do terminal, numa sequência modulada, os pequenos programas de apoio, de nível com todo o Parque Natural, que oculta a presença física do complexo no território. Esta sequência programática, lança um percurso em galeria, contínuo, simultaneamente funcional, distributivo e lúdico.
Sobre esta galeria coberta, estabelece-se na sua “espessura”, um aqueduto, que permite conduzir e distribuir todas as necessidades infraestruturais, criando um terceiro percurso áereo. Este, mais paisagistico e lúdico, permite o desfrute do parque, a vista área sobre a estação, o movimento dos comboios e a atmosfera do vale.
Ecologia e Sustentabilidade. O parque urbano é o gesto ecológico, que acompanha o gesto topográfico do projecto, que resolve de uma vez, o urbanismo do lugar.
O manto verde, fortemente arborizado, que se estende sobre toda área (50 000 m2) de intervenção, sobre a área construída e sobre a área permeável, constitui um pulmão urbano de escala relevante, que alivia a pressão poluente sobre o lugar, revitaliza visualmente o sítio e humaniza a sua utilização.
A sustentabilidade da obra, reside apenas e simplesmente na racionalidade da utilização dos seus componentes construtivos, reduzidos á sua geometria elementar e á sua estrita utilidade funcional e infraestrutural. Genericamente, o edifício, funciona através de ventilação natural, que varre os grandes espaços funcionais, tendo sido as suas aberturas, calculadas e o seu desenho elaborado, para atingir uma proporção de equilíbrio, de iluminação e arejamento.